Eduardo Grizendi: “Estamos nos preparando para levar um número recorde de brasileiros à edição 2015 da TICAL”

Eduardo GrizendiO responsável pela Direção de Engenharia e Operações da rede acadêmica brasileira, RNP, Eduardo Grizendi, conversou com DeCLARA a respeito dos desafios enfrentados pela rede “verde-amarela” nos últimos anos, falou sobre próximos projetos que a RNP pretende empreender e, como não poderia deixar de ser, nos contou sobre suas expectativas para TICAL2015.


 

O ano de 2014 se foi e 2015 chegou. Como você avalia o trabalho da RNP nesse último ano e quais são as expectativas para o futuro?

A RNP ainda precisa dar muita atenção à capilaridade de seu Serviço de Conectividade IP. Trabalhamos forte nestes últimos três anos e mais forte ainda no ano de 2014 para atender com capacidade adequada às nossas instituições usuárias. Em 2014 atingimos a meta de 60% de todos os campi no interior conectados a velocidade mínima de 100 Mb/s. Parte deles, que são sedes das instituições, estão conectados em 1 Gb/s e até 40 Gb/s. Conseguimos atender a mais de 100 núcleos de telemedicina e finalizamos o nosso novo arranjo da infraestrutura de conexões internacionais; para os EUA, em parceria com a ANSP (a rede acadêmica do Estado de São Paulo), com saída de 40 Gb/s, 20 Gb/s pelo Atlântico e 20 Gb/s pelo Pacífico, a partir de São Paulo e, o mais importante, também a partir de Fortaleza, duplicando a abordagem, e para a Europa, aumentando a capacidade do circuito da GEANT para 5 Gb/s, compartilhado com a RedCLARA.

Para o futuro, temos como meta conectar 100% dos campi no interior a velocidade mínima de 100 Mb/s e a concretização de um objetivo ousado: o lançamento de um cabo subfluvial no Rio Solimões (como é conhecido o Rio Amazonas no trecho entre Manaus e Tabatinga, na fronteira com a Colômbia), que viabilizará a conexão entre Coari e Tefé, no interior da Amazônia. O projeto está sendo viabilizado graças à parceria com o Exército Brasileiro (EB) e abarca, inicialmente, um trecho de 220 quilômetros. A prova de conceito está sendo desenvolvida em uma extensão de 10 km do Rio Negro, com previsão de finalização em março deste ano de 2015, interligando duas bases do EB em Manaus, como parte da expansão de Rede Metropolitana de Manaus, a MetroMAO, da RNP e Prodam, empresa de TI do Estado da Amazônia. Esse trecho já beneficiará as atividades de ensino e pesquisa, telemedicina, ensino à distância e ações ligadas à saúde, segurança pública, trânsito e turismo desenvolvidas pelos parceiros do programa, e de atendimento à população em geral e empresas, através dos provedores de internet, estendendo-se uma fibra óptica existente de Manaus a Coari, até Tefé.

Também temos a meta de implantar nosso Anel de 100G no Sudeste do Brasil, interligando Belo Horizonte e Rio de Janeiro com possível extensão para Brasília, como parte do projeto de implantação da Rota Óptica Fortaleza – Porto Alegre, contrapartida da RNP ao Projeto BELLA, empreendido pela RedCLARA e GÉANT/DANTE.

Além disso, vamos continuar com os nossos esforços de ampliação das nossas conexões internacionais. Além da conexão Fortaleza – Lisboa, que será trazida pelo Projeto BELLA, estamos negociando a participação do novo Cabo Monet EUA-Brasil e na experiência Openwave de 100 G, através da parceria com a FIU/Fundação Lauren, no âmbito da Amlight.

Como a integração de RNP com outras redes latino-americanas tem ajudado no crescimento da rede brasileira? Pode citar algum exemplo?

Uma coisa puxa a outra. Várias ações de RedCLARA, entre elas o Alice2 e o ELCIRA, alavancaram nossa infraestrutura e nossos serviços para atender demandas em comunicação e colaboração, para atendimento a nossas instituições internas no país e também externas com as outras redes latino-americanas.

A conexão direta já existente com a RedCLARA, por exemplo, viabiliza que pesquisadores e estudantes brasileiros tenham mais capacidade para colaborar internacionalmente, enriquecendo seus estudos e projetos. Além disso, a colaboração com as redes latino-americanas proporciona uma maior troca de experiências e possibilidades de trabalhos em conjunto, pois endereça mais facilmente nossos problemas, que são mais comuns entre nós. 
O Projeto BELLA deverá ser ainda mais estruturante para todas as nossas redes latino-americanas, trazendo maior equilíbrio à nossa comunicação e coloração externa da América Latina, conectando-nos diretamente à Europa.

Recentemente, através de um acordo de colaboração, transferimos o modelo e a metodologia da nossa Escola Superior de Redes (ESR), braço de capacitação da RNP, para a RENATA, a rede acadêmica colombiana. A CEDIA, do Equador, já manifestou interesse e deve ser a próxima a implantar sua escola. Nosso objetivo é que essa ação seja ampliada para uma colaboração mais ampla com outras redes na América Latina, em que todos os parceiros possam compartilhar, enriquecer e devolver a todos melhorias na metodologia e maior conteúdo do material didático desta escola, transformando-a em uma Escola Superior de Redes Latino-Americana.

A RNP é, sem dúvidas, uma rede muito importante para o desenvolvimento de toda a comunidade latino-americana de redes avançadas. Em que áreas ela pode aportar para ajudar ainda mais esse processo de evolução?

Em muitos pontos, sobretudo nas áreas já citadas de capacitação e conectividade, além da telemedicina e de serviços. Em especial, sobre telemedicina, a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), coordenada pela RNP, recebeu, em 2012, a qualificação de melhor prática em telemedicina na América Latina e Caribe, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL). Desde então, a Rute tem servido de exemplo de inovação em colaboração científica em rede, implantação de núcleos de telemedicina e telessaúde, assistência remota, educação continuada, prática e produção científica nesta área, e integração entre profissionais de saúde e acadêmicos em todas as regiões do país.

O reconhecimento mundial das ações da RUTE e o sucesso alcançado com o trabalho realizado também contribuíram para o lançamento, em 2010, do projeto Protocolos Regionais de Políticas Públicas de Telessaúde para a América Latina, financiado pelo BID. O objetivo era consolidar os programas nacionais de telessaúde nos países da América Latina e estabelecer uma estratégia para a criação de redes integradas de ensino e pesquisa em temas de telessaúde na América Latina, a partir da integração das redes acadêmicas avançadas já existentes, das comunidades de saúde, ministérios de saúde, educação, ciência, tecnologia e inovação, permitindo a promoção, prevenção e prestação de serviços de telessaúde. O esforço conjunto visa tornar os serviços mais eficientes, reduzir os custos e aumentar a qualidade da telessaúde na região, principalmente em locais de difícil acesso.

No Brasil, o projeto é coordenado pela RUTE/RNP e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Participam representantes dos Ministérios da Saúde dos seguintes países: Brasil, Colômbia, Equador, México, Uruguai, El Salvador, Chile, Peru, Argentina, Guatemala, Costa Rica, Venezuela, Paraguai, República Dominicana, Haiti, Bolívia, Panamá e Guiana. Também fazem parte do projeto RedCLARA e as redes acadêmicas RENATA (Colômbia), CEDIA (Equador), CUDI (México) e RNP (Brasil).

As instituições da América Latina também colaboram e participam das sessões mensais científicas e práticas, dos Grupos de Interesse Especial (Special Interest Groups – SIGs), que são realizadas pela Rute como atividade colaborativa com seus membros. Em pelo menos oito SIGs, há participação de profissionais de saúde e acadêmicos da Venezuela, México e Equador.

Na área de serviços, fomos responsáveis por dois pacotes de trabalho do projeto ELCIRA, financiado pela Comissão Europeia, que teve como principal objetivo auxiliar a execução de projetos colaborativos entre pesquisadores da América Latina e da Europa. Com isso, ampliamos o uso do eduroam na América Latina, que atualmente contabiliza mais de 1.200 pontos de acesso, distribuídos em diversos países, como Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador e Peru, além do Brasil. Também incentivamos a criação de federações de identidade na região. Como resultado, Colômbia e Equador lançaram suas federações, Colfire e MiNGA, a da Argentina (MATE) está em fase final para se tornar membro da eduGAIN e a do Chile já concluiu seu processo de adesão. Outras três estão em fase piloto: no Peru (Inca Federation), Uruguai (RAUid) e México (Fenix).

Nesse contexto, que importância tem a Conferência TICAL para os brasileiros e como eles têm se preparado para a edição 2015?

A TICAL é um ponto de encontro importante para todos nós das redes acadêmicas latino-americanas, pois é onde compartilhamos experiências, boas práticas, conhecemos iniciativas de outras redes e abrimos frentes para novas oportunidades de colaboração. Eu perdi o do ano passado e me senti mal por isto. Nos anos anteriores eu vinha participando de todos eles, desde quando entrei na RNP. Mas me comprometi comigo mesmo de não faltar mais a nenhum deles.

É uma conferência exatamente de nós para nós mesmos, onde percebemos que nossos problemas são comuns e uma solução encontrada por uma rede acadêmica serve mais facilmente e melhor a outra, sendo ambas latino-americanas.

Estamos nos preparando para levar um número recorde de brasileiros à edição deste ano. Envolvemos nossa área de comunicação desde o início dos preparativos e neste momento estamos envolvendo nossa área de relacionamento com as instituições para divulgar e promover a participação dos pesquisadores e estudantes brasileiros.

Um ponto não menos importante é a oportunidade de se conhecer as cidades-sedes do evento.

A Conferência vai completar cinco anos. Como você avalia o crescimento dela desde a primeira edição até hoje?

Bom e com um potencial de crescimento ainda maior, na medida em que nos “interlatinoamericanizamos”. Existem áreas temáticas a serem exploradas e é grande o potencial para aumentar os parceiros e patrocínios do evento.

Pessoalmente, quais são suas expectativas para a TICAL2015?

Participar, levar mais brasileiros, aprender com todos os participantes, contribuir e compartilhar nossas ações e projetos e aproveitar e rever os amigos das outras redes acadêmicas.

Agora a pergunta que não quer calar: quando teremos a TICAL no Brasil? Já existem tratativas para realizar a Conferência aqui?

Estamos trabalhando para tê-lo já no próximo ano, ou seja, TICAL2016 no Brasil. Está nos assustando o fato de que as Olimpíadas também serão realizadas no Brasil em 2016, e mais ou menos na mesma época da TICAL. Talvez isso complique um pouco as coisas. Mas nossa vontade é realizar o evento aqui, se não em 2016, em 2017.

Conheça o palestrante de TICAL2015: Andrés Holguín, Colômbia

327E0C13-8282-484C-9959-A067C01B3AE4Não somente da Europa e dos Estados Unidos vem os palestrantes internacionais que darão vida às sessões plenárias de TICAL2015. Depois do português Eloy Rodrigues e da estadunidense Susan Grajek, apresentamos o representante sul-americano de nosso grupo de convidados. É Andrés Holguín, da Colômbia.

Andrés Holguín é, desde 2006, o coordenador de Pesquisas Tecnológicas, Inovação e Segurança da Informação na Direção de Serviços de Informação e Tecnologia (DSIT) da Universidade dos Andes, em Bogotá, na qual trabalha desde 2002. Neste cargo, é o responsável pela Segurança da Informação. Também é responsável pelos serviços de computação avançada para pesquisa e de inovação.

Holguín é Engenheiro de Sistemas e Computação pela Universidade dos Andes e conta com certificações em Segurança da Informação de ISCA CISM y SANS GCED.

Junto a ele em TICAL2015 estarão também o Me. Manuel Moreno, do México, e Hans Pongratz, da Alemanha, além de Grajek e de Rodrigues, já apresentados anteriormente nesta sessão. A Conferência TICAL2015 será realizada entre os dias 6 e 8 de julho de 2015, em Viña Del Mar, no Chile.

Cinco perguntas para: Gabriela Bucceri, Argentina

Gabriela BucceriContinuamos com nossa série "Cinco perguntas para" ea entrevistada hoje e na Argentina Gabriela Bucceri, que dirigeprojetos de desenvolvimento e implementação de Sistemas Acadêmicos, de Tecnologia Educativa, de apoio à Pesquisa e de Serviços Informáticos, na Coordenação Geral de Tecnologia da Informação e Comunicações, dependente da Reitoria e do Conselho Superior da Universidade de Buenos Aires.

Conheça o TICAL2015 palestrante: Susan Grajek, EUA

Susan Grajek

Faltando pouco mais de dois meses antes do início da quinta Conferência TICAL, e é hora de conhecer os palestrantes internacionais que que compartilharão suas experiências nas sessões plenárias. Do Portugal vem Eloy Rodrigues; da Colômbia, Andres Holguin; do México, Me. Manuel Moreno, e da Alemanha, Johann Pongratz. Os quatro darão vida as sessões de TICAL2015, em Viña del Mar, no Chile, entre os dias 6 e 8 de julho, junto ao palestrante que apresentamos agora: Susan Grajek, Estados Unidos.


Susan Grajek é vice-presidente de Dados, Pesquisa e Análise em EDUCAUSE.

Também tem a responsabilidade programática pela Cibersegurança de EDUCAUSE, GRC (Governança, Risco e Cumprimento) e programas de TI administrativos.

Antes de fazer parte de EDUCAUSE, passou mais de 25 anos na Universidade de Yale, onde trabalhou como Subgerente de Relações na divisão de Serviços de Tecnologia de Informação (ITS, em Inglês), posto a partir do qual ela supervisionou a estratégia ITS, seu planejamento, a gestão de relações e a execução de projetos para a gestão acadêmica da universidade e seu conselho geral. Antes disso, ocupou o cargo de Diretora Principal de Estratégia e Planejamento de ITS, onde coordenou o desenvolvimento do primeiro plano estratégico de TI de Yale e liderou a criação e execução da atual estratégia de segurança de TI da Universidade. Também dirigiu a equipe de gestão da mudança para a formação do primeiro centro de serviços empresariais compartilhados de Yale. Sua passagem pela universidade incluiu outros cargos de liderança e gestão de TI, como o de diretora principal de apoio ao cliente ITS e o de diretora de comunicações e apoio técnico para funções ITS aos serviços da Escola de Medicina da universidade.

Grajek, que também tem um Ph.D. em pesquisa em Psicologia da Universidade de Yale, trabalhou no Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Escola de Medicina de Yale, onde começou ensinando o curso de gestão de dados, em 1996. Seu trabalho com a Escola de Medicina incluiu a criação e direção do departamento de pesquisa de TI. Sua experiência abarca o desenho e a execução de pesquisa em gestão, em ciências de conduta e políticas públicas, e em análises estatísticas. Sua trajetória também inclui o planejamento de TI, avaliação e métricas, assim como a liderança operativa em TI.

Entre em contato com Susan Grajek no LinkedIn (http://www.linkedin.com/pub/susan-grajek/1/ab9/8b3) para atualizar-se sobre os novos desenvolvimentos em dados, pesquisa e análise de EDUCAUSE.

Fotos TICAL

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